15.10.06

Ataque pessoal: um guia para principiantes

O DN de 6ª feira noticiou que Augusto M. Seabra, membro fundador do Público, acaba de demitir-se do jornal. Justificando a sua decisão, alega ele o seguinte:
"A direcção empresarial é incompetente e a editorial não existe. Deviam colocar os seus cargos à disposição. (...) O Público é uma manta de retalhos e a reestruturação do jornal defronta-se com a quadratura do círculo. (...) [José Manuel Fernandes aliena leitores] com os seus editoriais militantes. (...) [Faz gala] em coleccionar animosidades. (...) [Não está] em condições para fazer face às tarefas que tem pela frente."
Em resposta, ainda segundo o DN, Fernandes refere a inconstância de Seabra "que já se demitiu do Público várias vezes", mas voltou sempre. Acrescenta que a sua actual motivação deve-se "à falta de protagonismo" que está a ter na reestruturação e que "os argumentos usados são apenas pretextos".

Troca de ataques pessoais entre Seabra e Fernandes? Aparentemente, sim; mas há uma diferença.

Seabra critica a orientação que lhe parece errada do Director do Público; Fernandes questiona o carácter de Seabra.

Percebe-se perfeitamente que Fernandes não entendesse oportuno comentar publicamente as afirmações de Seabra. Não se aceita que tenha procurado desqualificar o oponente taxando-o, de forma mais ou menos evidente, de inconstante e vaidoso.

Por conseguinte - e era aqui que eu queria chegar - estamos perante dois tipos de ataques distintos, embora ambos catalogáveis como "pessoais". O primeiro critica uma determinada pessoa por protagonizar certas ideias e atitudes; o segundo pôe em causa o carácter de alguém para, por arrastamento, invalidar os seus argumentos.

Dito de outra maneira: o primeiro personaliza o seu alvo, sem por isso deixar de discutir opiniões e posturas; o seguinte é um ataque ad hominem, que achincalha o homem para evadir a questão.

(To be continued...)

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