Comove-me a ingenuidade daqueles - e são muitos, incluindo economistas encartados - que acreditam que, no regime de capitalização, cada um recebe de volta como pensão o dinheiro que lá pôs devidamente valorizado, como se o dinheiro gerasse dinheiro por geração espontânea.
Uma acção ou uma obrigação representa um direito sobre a produção futura; logo, o que os seus titulares virão a receber dependerá do valor dela. Ora, em termos agregados, esse valor variará em função de dois factores essenciais: o número de pessoas que o criam e a sua produtividade.
Portanto, se diminuir a população activa por motivo do seu envelhecimento, e se a produtividade não crescer o suficiente para compensar essa quebra, o rendimento futuro de quem investir em títulos ressentir-se-á por tabela.
É por isso que o regime de capitalização não é melhor nem pior do que o de distribuição no que toca a evitar o problema do envelhecimento da população. O raciocínio pode ser desenvolvido em maior detalhe, mas isto é o essencial da questão.
João Ferreira do Amaral e Teodósia Cardoso têm andado a tentar explicar isto, mas muita gente não parece disposta a querer entender.
4.10.06
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