Descontando algumas discordâncias de pormenor com este post do Pedro Adão Silva, a questão essencial, como ele diz, é que a decadência dos sindicatos, tal como a de outras instâncias de intermediação entre o indivíduo e o Estado, enfraquece a democracia.
Muito sinteticamente, o movimento sindical encontra-se em estado comatoso porque continua refém de pressupostos que perderam a sua validade. Terá que reinventar-se se quiser sobreviver.
Eis uma sugestão: porque não tomarem a iniciativa em temas como a erradicação dos obstáculos que impedem o crescimento da produtividade das empresas e do Estado em Portugal?
Nos últimos anos, os sindicatos têm afirmado repetidamente duas coisas certas, apesar de aparentemente contraditórias: a) a responsabilidade da fraca produtividade nacional não pode ser atribuída aos trabalhadores; b) os problemas das empresas e do Estado não podem ser resolvidos sem a participação activa dos trabalhadores.
A oportunidade, então, consiste em abandonar uma postura anacrónica de sistemático antagonismo em relação aos empresários e aos governos e em tomar a iniciativa de propor formas de assegurar o aumento da produtividade. De passagem, os sindicatos não só renovarão a sua estratégia de actuação como conquistarão uma legitimidade acrescida para reivindicar para os trabalhadores a parte que lhes é devida.
Inversamente, se persistirem em cuidar apenas dos interesses restritos e de curto prazo dos seus associados, é natural que cresça a indiferença da população e que, por conseguinte, continue a reduzir-se a sua capacidade de influenciar as políticas sociais.
19.10.06
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