4.3.04

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O mais interessante nas intensas manobras em curso tendo em vista descriminalizar o aborto sem todavia o despenalizar -- ou será ao contrário? -- é que se manifesta aqui mais uma vez o irresistível chico-espertismo nacional.

Não se resolve o problema -- acho que não é preciso explicar porquê --, mas finge-se que se resolve.

Inventa-se uma solução muito arrevezada, mas juridicamente aceitável (acima de tudo, é preciso satisfazer a visão particular do mundo dos juristas) ficamos todos muito melhor com a nossa consciência, os estrangeiros se calhar até vão pensar que o país está a civlizar-se -- e passa-se adiante.

Que as mulheres não sejam presas, mas possam continuar a morrer devido às deficientes condições em que abortam, isso é apenas um pormenor. Tenham paciência...

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