As secções de citações do dia que quase todos os jornais publicam seriam úteis se nos alertassem para coisas importantes que eventualmente nos tivessem passado desapercebidas.
Em vez disso, limitam-se a coleccionar trivialidades que todos ganharíamos se não nunca tivessem dadas à estampa, quanto mais repetidas.
O Público de hoje, por exemplo, recolhe ditos profundos de João Marcelino e Rui Santos, e já vamos com sorte por, desta vez, termos sido poupados às tiradas de Luís Filipe Menezes.
Em contrapartida, encontrei esta frase escondida numa página secundária do Caderno de Economia:
«Devíamos aproveitar esta oportunidade para reflectir e tomar decisões sobre questões estruturantes para o nosso futuro, evitando assim a permanente instabilidade nas empresas, em que os trabalhadores estão sempre a preparar-se para mudar de enquadramento e de objectivos, o que em nada contribui para a produtividade das instituições.»
Estas sábias palavras foram pronunciadas por Rui Vilar, Presidente da Fundação Gulbenkian, a propósito das sucessivas e desatinadas reestruturações do sector energético ao longo da última década, mas aplicam-se por igual à situação de todo o sector empresarial do Estado.
Não passa um dia sem que os diários económicos nos relatem, tim-tim por tim-tim, as mais recentes manobras de João Talone ou Pina Moura em torno da EDP. Já a opinião de Rui Vilar, pelos vistos, não merece primeiras páginas.
10.1.05
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