10.1.05

Liberdade de expressão

As secções de citações do dia que quase todos os jornais publicam seriam úteis se nos alertassem para coisas importantes que eventualmente nos tivessem passado desapercebidas.

Em vez disso, limitam-se a coleccionar trivialidades que todos ganharíamos se não nunca tivessem dadas à estampa, quanto mais repetidas.

O Público de hoje, por exemplo, recolhe ditos profundos de João Marcelino e Rui Santos, e já vamos com sorte por, desta vez, termos sido poupados às tiradas de Luís Filipe Menezes.

Em contrapartida, encontrei esta frase escondida numa página secundária do Caderno de Economia:

«Devíamos aproveitar esta oportunidade para reflectir e tomar decisões sobre questões estruturantes para o nosso futuro, evitando assim a permanente instabilidade nas empresas, em que os trabalhadores estão sempre a preparar-se para mudar de enquadramento e de objectivos, o que em nada contribui para a produtividade das instituições.»

Estas sábias palavras foram pronunciadas por Rui Vilar, Presidente da Fundação Gulbenkian, a propósito das sucessivas e desatinadas reestruturações do sector energético ao longo da última década, mas aplicam-se por igual à situação de todo o sector empresarial do Estado.

Não passa um dia sem que os diários económicos nos relatem, tim-tim por tim-tim, as mais recentes manobras de João Talone ou Pina Moura em torno da EDP. Já a opinião de Rui Vilar, pelos vistos, não merece primeiras páginas.

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