Nos EUA, a taxa de desemprego pulou dos 4,5% para os 6,1%. Depois do imobiliário, afunda-se a indústria automóvel. As ramificações destes dois sectores asseguram o alastramento da recessão a toda a economia.
No entanto, todos os sábios absentistas proclamam a firme intenção de impedir que a crise passe da esfera financeira para a esfera real.
Em directo da economia real que habito posso assegurar-lhes que, também por cá, está tudo a parar em virtude do adiamento generalizado dos projectos de investimento. As estatísticas haverão de comprová-lo mais tarde, mas não vale a pena aguardar pelo óbvio.
Reduzir marginalmente o IRC sobre lucros inexistentes ou distribuir esmolas avulsas pelos mais pobres não resolve o problema.
Do que se necessita é de investimento público de emergência em projectos de indiscutível interesse social e que possam ser executados a curto e médio prazo, de preferência com um grande envolvimento das autarquias.
Tanto quanto consigo entender, o governo português não se propõe aproveitar da melhor maneira a folga orçamental que resolveu conceder a si próprio. Talvez a União Europeia venha em nosso socorro, desta vez não com dinheiro, mas com a recomendação de políticas económicas mais perspicazes, provavelmente na linha das sugestões adiantadas há dias pelo Presidente do FMI.
15.10.08
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2 comentários:
O que recomenda (com o que concordo em absoluto) deveria também fazer parte da intervenção coordenada que foi possível concertar para agir directamente sobre a esfera financeira. Pelo menos, na esfera europeia, já se deveria estar a trabalhar numa forma de flexibilizar (suspender?) o PEC - estabelecendo por exemplo um plano conjunto de investimentos públicos (as fileiras energética e ambiental seriam, parece-me, socialmente desejáveis) que, dentro de alguns limites, estivessem ao abrigo da rigidez do PEC.
Não acredito contudo que a Europa o faça. Se a actuação na esfera financeira foi surpreendentemente determinada e coordenada (deixando os EUA a reboque), na esfera fiscal/orçamental a Europa não dispõe de um enquadramento institucional que propicie uma intervenção igualmente concertada. Lamento sinceramente porque o que a Europa até aqui conseguiu fazer não é suficiente para impedir uma recessão profunda. Talvez tenha sido necessário mas não é suficiente...
O nosso orçamento de Estado não é, neste aspecto, um bom augúrio...
Cumprimentos!
Portugal vai crescer 1% este ano e mais de 1% ano que vem. É apenas uma opinião de bancada, fundamentada em feeling.
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