29.10.08

Endividamento, precisa-se

Martin Wolf volta à carga no Financial Times de hoje:
"The only way to let the private sector deleverage, without mass bankruptcy and hige falls in spending, is by substituting the asset everydody wants: government debt."
Na semana passada, ele avisara:
"In current conditions, monetary policy will be insufficient. This is a Keynesian situation that requires Keynesian remedies. Budget deficits will end up at levels previously considered unimaginable. So be it."
A opinião pública, incluindo muitas pessoas com responsabilidade, ainda não entenderam que enfrentamos uma situação de emergência. Políticas impensáveis noutras circunstâncias são agora inevitáveis.

Não me digam que temos níveis de endividamento elevadíssimos, porque eu já sei. Não repitam que as garantias prestadas pelo governo aos bancos comportam um risco elevado, porque a alternativa ainda seria mais arriscada. Não pretendam que o investimento público retira fundos ao investimento privado, porque nem os privados estão dispostos a investir, nem os bancos estão dispostos a emprestar-lhes.

O problema mais grave do momento é a falta de liderança. Os americanos não têm presidente nos próximos meses, enquanto a Europa não dispõe de instituições capazes de promoverem (já não digo decidirem) uma política económica comum.

O navio está no meio da tormenta, mas os passageiros ainda não se aperceberam de que não há comandante, nem leme, nem bússola.

Os economistas têm obrigações particulares nestas circunstâncias. Porém, descobre-se agora que muitos deles, destituídos do mínimo sentido pragmático, preferem continuar a brincar com modelos e doutrinas.

A concluir, eu sei também que seria suicida o governo português tomar isoladamente a decisão de aumentar o défice e o endividamento à revelia da União Europeia. Mas alguém tem que se mexer - nem que seja o Sarkozy, só para impressionar a garota.

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